Um sistema baseado em valor em saúde deve entregar os melhores resultados possíveis aos pacientes com o mais baixo custo possível e o motivo desse conceito de valor passou a ser o foco das ações do mundo devido a variação na qualidade e o aumento de custos.
A saúde é de extrema importância para a nossa vida em sociedade. Se encaramos a saúde como custo, a grande tendência que nós temos é cortar custos. Se olharmos a saúde como um item do orçamento, o pensamento será sempre em políticas de curto prazo. Por outro lado, ao encarar a saúde como uma lógica para maximizar a receita, a grande tendência é que eu tenha mais volume e muito mais complexidade nos atendimentos.
Mas a saúde deveria ser encarada do ponto de vista de valor, buscando uma gestão que priorize os desfechos de saúde que são importantes para o paciente em relação a seus custos. É fundamental essa correlação do desfecho da qualidade da assistência e do custo da sua produção. O consórcio entre o Boston Consulting Group e o Instituto Karolinska trouxe esse conceito de forma mais clara:
“É um sistema de saúde que entrega os melhores resultados possíveis aos pacientes com o mais baixo custo possível.”
O conceito de valor passou a ser o foco das ações do mundo por dois fatores principais: a variação na qualidade e o aumento de custos.
A variação na qualidade dos atendimentos
Mesmo em países de primeiro mundo a variabilidade que existe nos desfechos é tremenda. Por exemplo, um estudo comparou pacientes que passaram por um tratamento de câncer de próstata na Alemanha, Suécia e um hospital chamado Martini Klinik (a melhor clínica de cirurgia de próstata da Europa).
O desfecho da sobrevida em cinco anos (gráfico à esquerda) foi muito parecido. Mas ao olhar outros fatores além da sobrevida é possível perceber uma grande diferença. Como é o caso da continência urinária e a disfunção erétil.
Desta forma, pensar em valor de saúde é pensar nestes resultados que são importantes para o paciente. A sobrevida é importante, mas não é o único fator. Mas o cerne não é somente pensar em número de procedimentos, mas incluir resultados que afetam a qualidade de vida do paciente. É claro, também sempre pensando no balanço entre desfecho da qualidade da assistência e do custo para atingir esse desfecho.
O aumento de custos em saúde
Por outro lado, olhando a questão de custos, nós observamos um deslocamento crescente entre o custo e a riqueza gerada no país. Os custos em saúde aumentam mais que o produto interno bruto (PIB) do país. Isso é um fato mesmo em países como Inglaterra, onde você tem uma medicina mais socializada, como Estados Unidos, onde a medicina é mais mercantil. Ou seja, os gastos com a saúde são intensos.
No Brasil acontece da mesma forma, a variação entre a inflação médica (Variação do Custo Médico-Hospitalar) e o IPCA, por exemplo, esse descolamento existe também.
Com isso, é necessário um sistema de saúde que entrega os melhores resultados possíveis aos pacientes com o mais baixo custo possível, isto é, um sistema baseado em valor em saúde.